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Entrevista com a presidenta da ONG REPROLATINA Margarita Diaz, formada em Enfermagem obstétrica pela Universidade do Chile, Mestra e Doutora em educação pela UNICAMP e educadora sexual pelo CCEX, Ministério da Educação e Ministério da Saúde.
Importância da parceria da Universidade Federal de Lavras e a UNILAVRAS.

Duplo Sentido: Margarita, o que significa esta parceria da REPROLATINA com a UFLA e a UNILAVRAS? Vocês aqui dando este curso, o que significa isso?

Margarita: A parceria é uma estratégia fundamental para uma instituição do 3º setor como é a nossa possa estar trazendo para uma universidade federal como a UFLA e a Universidade de Lavras, possibilidade de discussão, atualização, ou seja, a formação dos próprios docentes e para os projetos nesse caso que estão desenvolvendo, então é uma maneira de potencializar, tanto a ONG ganha como a Universidade ganha, os dois se fortalecem na troca de experiência, na troca de saberes ao respeito.

Entrevista com Francisco Cabral, vice presidente da REPROLATINA, especialista em sexualidade humana pelo instituto Helis em São Paulo, psicólogo clínico sobre este tema.

Duplo Sentido: Francisco, nós temos verificado as violências, os vários tipos de violência que acontece com crianças, jovens e adolescentes. Este projeto que nós tratamos das defesas dos direitos sexuais na infância e adolescência e no combate. O que você poderia falar pra gente, como trabalhar essas violências? Pra poder não chegar a esse ponto enorme que nós estamos de crianças abusadas, adolescentes, como trabalhar isso?

Francisco: Bom, eu vejo duas situações, uma da violência propriamente dita, um você vai fazer a intervenção já na questão quando ela já aconteceu, então você tem que realmente ter, primeiro, profissionais preparados, capacitados pra ta lidando com a problemática, seja na criança, seja no adolescente, ou no próprio adulto, porque o adulto também não está livre desta violência, no campo da sexualidade, principalmente as mulheres. Então você tem a intervenção na questão do já acontecido. Agora, o que é fundamental e gente trabalha pra antecipa que não aconteça isso, é realmente com educação, e educação focalizando a questão da educação sexual, tanto de crianças, de adolescentes, obviamente dos próprios adultos que precisam estar sensibilizados para o tema. Educação sexual deveria ser focada no fortalecimento desses jovens, dessas crianças, no sentido de começa a construir um controle maior sobre seu corpo, aprender a saber distinguir quando uma pessoa está invadindo a sua privacidade, está invadindo o seu direito de escolha frente aquilo, e principalmente você focalizar que essa criança, que esse adolescente aprenda a se defende disso, e a educação sexual é uma ferramenta importante pra isso porque faz com que: primeiro, sejam informados; segundo, passam a discuti o tema dentro de uma abordagem não de uma coisa ruim de uma sexualidade mais saudável e tudo mais, e principalmente aprendem a se defender, e aprende também a denunciar, porque essas crianças e esses jovens as vezes e até as mulheres adultas, estão em uma relação em que elas não são acolhidas. Não existe nem estrutura na saúde muitas vezes, na própria justiça pra colher uma denúncia de violação ou de violência sexual, e nesse sentido eles acabam sendo tratados não como vitimas, mas muitas vezes como quem gero a própria violência. Então, são várias frentes, mas a educação, no meu ponto de vista, é a saída para antecipar esse processo.

Duplo sentido: Margarita, quais foram os aspectos mais significativos desse curso pra você?

Margarita: Não é fácil numerar, porque são muitos. O tempo não foi muito longo, mas a aprendizagem, a troca de experiência foi muito importante. Um dos aspectos que eu acho que foi significativo, tanto pra nós facilitadores do curso, como para os participantes do curso, foi a possibilidade de oferecer a eles, e estar discutindo a questão da violência, a questão da sexualidade, a questão dos direitos sexuais e reprodutivos, desde uma perspectiva dos direitos humanos. Acho que, a possibilidade deles verem uma nova abordagem da sexualidade permitiu visualizar, a possibilidade de mudanças. Isso foi muito claro no não verbal e no verbal do grupo de cada uma destas pessoas que se posicionaram e falaram. Eles vêm a esperança, e têm as ferramentas hoje concretas de como atuar para multiplicar o que eles aprenderam e poder fazer ações e intervenções concretas para poder promover, defender os direitos sexuais e os direitos reprodutivos. E um dos direitos sexuais que neste projeto está se tocando é a defesa e a promoção do direito à que as pessoas possam viver sem violência física ou violência sexual e possam desfrutar da sua sexualidade sem esse risco, sem esse medo, sem essa questão que é tão comum hoje e não se fala disso.

Duplo Sentid: Para você Francisco, quais os aspectos ou o aspecto mais significativo desse curso?

Francisco: Olha, o primeiro aspecto significativo pra mim, foi encontra e reafirma que existem jovens comprometidos em trabalha na área de educação, em trabalha com informação e divulgação dos direitos das pessoas, que é o primeiro passo pra que uma pessoa possa num futuro estar exercendo seu direito a estar informando seu direito. Então, encontra esses jovens com muita vontade, com desejo principalmente de solidariedade de compartilhar seus conhecimentos, e principalmente de utilizar essa energia que eles têm pra mudança, isso foi um aspecto fundamental pra mim. A outra questão é que de um modo geral as vezes trabalha com as coisas bastante sistematizadas, estamos falando dos direitos sexuais e direitos reprodutivos e a gente já identifica que as pessoas sem ter isso sistematizado já tem uma noção da importância do direito e fundamentalmente do direito de exercer esse direito a que ela tem direito, são muitos direitos como a gente ta falando, e a outra questão importante é a disponibilidade que eles têm não só pra divulga os direitos, mas para compreender, respeitar, e até divulgar que quando a gente tem um direito a gente tem associado a esse direito um compromisso, uma responsabilidade. Isso fico muito claro, o grupo tem muita consciência disso no sentido de que, se é direito de uma pessoa exercer sua sexualidade, ela tem um compromisso da maneira de como ela vai exercer essa sexualidade frente a ela, frente ao parceiro ou parceira, e frente obviamente as questões da própria sociedade, dentro de uma ética pessoal, de uma ética social e esse grupo tem essa compreensão, estando absolutamente preparado para estar disseminando isso na comunidade.

Duplo Sentido: Nós do programa Duplo Sentido agradecemos imensamente a presença de vocês aqui, esse repasse de conhecimentos e gostaríamos de deixar o microfone agora aberto, se vocês quiserem nos dizer mais alguma coisa ou se não, muito obrigado aos dois.

Margarita: Eu queria agradecer a Cláudia a possibilidade de estar aqui e parabenisá-la por essa iniciativa. Sem dúvida que toda essa força que o grupo tem, depende muito da pessoa adulta que está junto, e essa pessoa adulta e outras educadoras que conhecemos, inclusive você, neste curso, são as pessoas fundamentais que adolescentes e crianças precisam que estejam junto delas pra ajuda-las a caminhar nesse projeto.

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