Intermultimidialidade nas discussões feitas no Curso Corpo, saúde, sexualidades

As relações entre textos são a premissa básica para o que caracteriza a intertextualidade (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2008), conceito que procurei ampliar nesta pesquisa, ao propor o termo intermultimidialidade para os diálogos possíveis entre artefatos multimídias (textos, imagens, músicas, vídeos, entre outros). Estabelecer essa relação constituiu a proposta principal para a realização das atividades do Curso Corpo, saúde, sexualidades.

Conforme será descrito a seguir, isso foi feito em algumas das atividades, mesmo com a pouca participação efetiva no curso, já que, das 70 pessoas inscritas, 22 fizeram pelo menos uma atividade e oito tiveram participação mais ativa, a qual possibilitou receberem o certificado de conclusão do curso. Contudo, mais importante do que a quantidade de atividades realizadas foi a qualidade das participações, conforme apresentado neste tópico.

Escolhi algumas atividades, doravante denominadas tessituras, para evidenciar como a intermultimidialidade foi realizada e, para tanto, utilizei como critério de abordagem a análise textual discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2016), conforme explico em cada situação. Baseada nesse respaldo teórico, realizei a análise em três momentos: desconstrução textual, análise das unidades escolhidas e problematização.

O primeiro momento consistiu na seleção de um trecho do que foi escrito e postado pelo/a participante. No segundo momento, foram analisadas as intermultimidialidades em comparação com pressupostos de intertextualidade (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2008). E, finalmente, a problematização foi feita em relação ao uso dos multiletramentos (ROJO, 2012), à demonstração de postura do/a participante (BARTON; LEE, 2015) e às implicações desse posicionamento quanto à articulação com teorias que abordam as temáticas relações de gêneros e sexualidades (BUTLER, 2003; CASTRO, 2012; FOUCAULT, 2014; LOURO, 2016, 2012, 2001, 2000; RIBEIRO, 2014, 2010, 2009, 2008, 1996).

A organização das tessituras foi conforme a ordem em que as atividades foram propostas ao longo do curso, sendo que a maior parte dos casos analisados é relativa a atividades realizadas na primeira metade do curso, quando a participação dos grupos foi mais significativa.

Entendo que cada um desses materiais empíricos poderia render um novo texto, com uma análise mais detalhada, sobretudo para discutir relações de gêneros e sexualidades. Porém, o recorte que fiz foi voltado para as intermultimidialidades presentes em cada uma das tessituras, bem como para a forma como entendi que esses diálogos, sejam textuais ou discursivos, contribuíram para que esta pesquisa atingisse o seu objetivo: problematizar o uso de diferentes artefatos multimídias, sob a ótica dos multiletramentos e das relações de intermultimidialidade, que podem ser estabelecidas entre textos, imagens, vídeos, entre outros, criando possibilidades de reflexão sobre as temáticas de relações de gêneros e sexualidades.

Tessitura 1: Texto É possível realizar uma história do corpo e filme Distrito 9 ->
Tessitura 2: Entrevista O espelho é a nova submissão feminina e postagem Mulher é… ->
Tessitura 3: Referência a Schopenhauer e gráfico sobre saúde ->
Tessitura 4: Plágio e ideologia versus identidade de gênero ->
Tessitura 5: Música Meninos e Meninas e Crônica Pertencer ->
Tessitura 6: Série Quem sou eu? e livro Alice no País das Maravilhas ->
Tessitura 7: Clipe The Arrow e temática do Curso Corpo, saúde, sexualidades ->

Inscrições versus participação no Curso Corpo, saúde, sexualidades ->