Os Fios Condutores

Capítulo 1 – Os Fios Condutores

As três áreas envolvidas nesta pesquisa permitem fazer uso de diferentes analogias conceituais, mas que comungam do mesmo sentido. Inicialmente, o rizoma, conforme proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995), conceito que advém da botânica, para um tipo de raiz, e é transposto para as ciências humanas, carregando o sentido de multiplicidade, algo sem início e fim determinados, mas entre partes, viabilizando conexões: “ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes, de direções movediças” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 43). Assim são vistos os estudos sobre relações de gêneros e sexualidades nos processos educativos, de acordo com Cláudia Ribeiro e Carolina Faria Alvarenga (2014), que se fundamentam nas ideias dos autores supracitados, para entenderem como a educação permite e requer caminhos rizomáticos, por envolverem pessoas e, portanto, suas subjetividades, múltiplas em sentido e potencialidades.

Esse conceito, transposto para o mundo virtual das TDIC, é conhecido como rede, que nomeia um “sistema interligado de computadores, para comunicação e troca de dados”[1] e, ainda, é sinônimo para internet, tamanho os caminhos e conexões que ela permite. Mas rede é, antes, em seu sentido original, um “entrelaçamento de fios, cordões, arames etc., formando uma espécie de tecido de malha com espaçamentos regulares, em quadrados ou losangos, relativamente apertados, que se destina a diferentes usos”[2]. É, portanto, um tipo de tecido.

E, sabendo que tecido e texto têm etimologia comum[3], chega-se à terceira analogia, no campo linguístico. Da mesma forma que fios compõem tecidos, palavras formam textos; além disso, um texto pressupõe o diálogo com outros, já que a composição escrita advém de leituras de referências anteriores (DIAS; ALMEIDA, 2016). Essa aproximação entre textos/discursos é chamada intertextualidade/interdiscursividade e constitui o cerne desta análise, a qual é feita com base nas temáticas relações de gêneros e sexualidades. Assim nascem as tramas que compõem esta pesquisa, da qual se apresentam, a seguir, os fios condutores: os conceitos advindos das concepções rizomáticas e as redes que são estabelecidas por meio delas.

 

[1] Rede. Acepção retirada do dicionário Michaelis online. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=rede. Acesso em: 11 mar. 2017.

[2] Rede. Acepção retirada do dicionário Michaelis online. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=rede. Acesso em: 11 mar. 2017.

[3] Do latim: Tēxtūră, ǣ (de texere): ação de tecer, tecedura. Tēxtŭs, ūs: (de texere): tecido, enlaçamento, encadeamento, contextura; texto, teor, conteúdo. (SARAIVA, 2006).

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