Reflexões advindas da Avaliação Diagnóstica

No capítulo anterior, apresentei o questionário on-line com 16 perguntas, que criei com a intenção de fazer um diagnóstico sobre o andamento do Curso Corpo, saúde, sexualidades, bem como para tentar compreender os motivos da pouca participação, buscando aumentá-la, por meio de uma reformulação das atividades. Ao todo foram 20 participantes que responderam ao questionário, mesmo tendo sido convidadas a participarem as 70 pessoas inscritas, o que já reflete a pouca adesão que se pode notar também com as atividades.

As respostas foram anônimas e das pessoas que responderam, 60% indicaram estar participando das atividades, o que pode ser entendido como indício de que elas teriam mais propriedade para responder sobre o curso, por saberem como ele estava ocorrendo, já que os outros 40% ou só visualizavam as atividades ou nem isso.

O motivo para a não participação foi indicado na segunda pergunta, quando 87,5% das pessoas disseram não participar por falta de tempo e 37,5% por conta de outras atividades, sendo que duas pessoas comentaram a resposta, explicando o motivo da falta de tempo: a coincidência com o término do período letivo da UFLA. Destaco, ainda, que 37,5% responderam não terem gostado do Facebook como plataforma de ensino-aprendizagem, dado que coaduna com o fato constatado por Cláudia Murta (2016) para a pouca interação entre os/as participantes. Contudo, ninguém comentou essa resposta, indicando o motivo para não ter gostado do Facebook como plataforma, o que me levou a cogitar que seja pela falta de costume com um novo uso para um site que foi criado para que as pessoas se conhecessem e compartilhassem experiências (CORREIA; MOREIRA, 2014).

Quando perguntados/as sobre o que poderia melhorar no curso, 40% das respostas indicaram a necessidade de se aumentar o prazo para as respostas e 30%, diminuir a quantidade de atividades. E foi justamente isso que eu fiz, na segunda metade do curso, apesar de tal atitude não ter surtido efeito, conforme já explicado no capítulo segundo. O que é confirmado pela resposta seguinte: 55% das pessoas se consideraram ativas no processo de construção do curso, enquanto 45% se disseram apenas recebedoras ou indiferentes. Ou seja, apesar de metade do grupo se considerar ativo, pouco se empenhou em assumir a nova metodologia proposta; e a outra metade confirmou o despreparo para trabalhar com esse novo paradigma. Mesmo assim, 100% das pessoas consideraram o tema do curso necessário.

No que concerne à organização do curso, 70% das pessoas acharam que o Facebook funciona como plataforma de ensino-aprendizagem, do que discordaram 25%, índice que se aproxima da resposta ao motivo da não participação no curso. Além disso, 85% das pessoas se disseram satisfeitas com a coordenação do curso, enquanto 15% estiveram indiferentes, um indício de que o problema não estava na forma como o curso foi conduzido, o que foi corroborado pelos comentários que os/as participantes poderiam fazer como sugestão sobre como a coordenação poderia melhorar. Foram seis respostas que, de modo geral, indicaram sugestões relacionadas ao aumento do tempo e à utilização de outro meio para a comunicação, como o e-mail (ferramenta que, entendo, não funciona para a aplicação da metodologia interativa que propus).

Para a pergunta sobre o 1º Encontro Presencial, 60% responderam não terem participado, enquanto os outros 40% disseram ter gostado. E, quando perguntados/as sobre sugestões para o encontro seguinte, obtiveram-se três respostas, as quais discuto: a Resposta 9 sugeriu que, caso houvesse apresentação de grupos, que fosse no início, para possibilitar mais discussões. No 2º Encontro Presencial, as apresentações foram em duplas, tendo sido mais curtas e interativas, conforme descrito no capítulo anterior. A Resposta 10 indicou que o encontro presencial pudesse acontecer na sexta-feira à noite, o que não é possível, tendo em vista ser este um horário destinado para as aulas dos cursos de graduação. Já a Resposta 11 sugeriu: “Todo mundo Transvestido e com Make Drag + Desfile no Palco da Cantina com direito a Fotos!”, o que não pode ser atendido, por esse enfoque não fazer parte da proposta do Curso Corpo, saúde, sexualidades.

As três respostas seguintes dialogaram com a totalidade das pessoas que respondeu sobre considerar importante o tema do curso: 85% acharam que o curso estava contribuindo para a formação como futuro/a docente; 95% disseram ter interesse em participar de uma nova edição do curso e 85% gostariam que o curso fosse oferecido como disciplina eletiva. Tais informações são um indicativo de que a proposta do curso é válida e que há necessidade de se discutir a temática. Tanto que, ao serem questionados/as sobre outros temas que poderiam ser discutidos em um curso, as respostas foram: “Corpo e Poder” (Resposta 12); “Racismo, Liberdade de escolha, Feminismo, Inclusão etc” (Resposta 13); “Apropriação Cultural; A importância do Ser Diferente; kit Acorda Hétero” (Resposta 14).

Na última questão, cuja resposta era opcional, os/as participantes poderiam deixar sugestões, as quais totalizaram quatro e indicaram: que deve haver mais cursos do tipo; que seja oferecido como disciplina eletiva da graduação; que comece com o momento presencial; e que o Facebook é uma boa ferramenta, apesar de propiciar distração. Tais propostas confirmam que a realização do curso logrou êxito e permitem vislumbrar novas possibilidades de organização, para futuros momentos de formação.

Contribuições da Avaliação Final ->